terça-feira, 15 de abril de 2008

O bucolismo da transamazônica

Observo o céu de um azul morno e belo com suas nuvens brancas e seus efeitos. Terra verde. Estrada rosa. São muitas as palmeiras e é vasto o pasto. A estrada não respeita o subir e descer dos morros e por vezes tem paredões de terra rosa ao lado e, neles parece estar escrita a história dos que passaram por aqui e cavaram um pouquinho a terra da estrada. Temos postes, postes de madeira não polida, como se fossem árvores, mas em vez de folhas, fios de alta tensão estão nos galhos.
O mercedes da transbrasiliana chacoalha, são muitas poltronas, duas para cada pessoa, homens e mulheres viajam em silêncio. Dois brasileirinhos olham atentos a paisagem lá fora, um veste verde, outro amarelo. Também olho para fora e vejo o retrato que mais chama atenção: minhas duas janelas, o verde, os bois, a casa de madeira, passamos por ela e agora só o céu, pano de fundo.
O dia chega ao fim, no horizonte raios solares cor magenta por trás de nuvens carregadas (não é bom sinal [nuvens carregadas]).
Um homem vestido no uniforme azul da seleção sai de uma estrada de terra, meu campo visual não permite ver para onde a estrada leva. O homem pisa na rodovia tranzamazônica, não dá a mínima para o ônibus que passa...
Vindo com destino oposto, caminhões de bois, "pickaps".
Percebo que não vi flores no caminho. E como mágica, uma árvore inteira florida, são brancas com o diâmetro de um pulso de mulher, pétalas alongadas. Vejo agora umas vermelhas no centro com pétalas na vertical alaranjadas nos olhos. Uma elegante casa de alvenaria com roseiras no jardim da frente. Chegamos a um município, não vejo muitas ruas. Mas casas, isso sim. E asfalto! que alegria, asfalto!
Toca música sertaneja no bar próximo ao terminal rodoviário, é bom ouvir algo diferente do chacoalhar das malas, dos bancos, da lataria, do motor e dos meus próprios órgãos.
Paramos agora no terminal rodoviário do Novo Repartimento, paguei cincoenta centavos e usei um banheiro cuja porta não tinha tranca e o cobrador do banheiro parado feito um dois de paus na anteporta... (situação!).
Sobre esta cidadezinha, acho que ela possui um belo meio fio com coqueiros, quiosques e florezinhas vermelhas na, provavelmente, única estrada asfaltada do lugar e casas de madeira cujas alicerces são estacas de madeira, acho que alaga por aqui!
Durmi,
acordei...
O dia já é amanhecido, a paisagem mudou, à beira da estrada a mata é do tipo bosque, árvores altas, chão limpo, há uma casa a cada vinte metros e elas não possuem cerca, ficam ali, a beira da estrada e a frente de um imenso bosque.
O céu é de um azul cromado, passo por um campo desmatado e percebo a neblina baixa e espessa sobre a grama entre as poucas árvores.
No ônibus novos rostos, uns foram em transportes mais velozes, outros ficaram no meio do caminho, mas a quantidade de pessoas é a mesma. Todos foram substituidos, estamos em silêncio, mas vira e mexe ele é imterrompido pela noção de tempo, estamos próximos ao nosso destino, as pessoas querem saber horário, localização.
Floresta, da bonita. Daqui um pouco chegamos em Belém, será que tá tudo bem?

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