quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O que é o Pará?

http://www3.brasildefato.com.br/v01/agencia/governo-do-para-promove-policiais-que-participaram-do-massacre-de-carajas

UE Belo Monte, putz grilla!!

Fui criada em Altamira- Pa, a cidade do meu coração, onde aprendi a andar de bicicleta em suas ruas pouco movimentadas, de onde me acostumei a tomar voadeiras no final de semana e descer o rio Xingu com suas águas escuras que espelhavam o céu, cansamos de acampar na praia por dez dias com nossas redes e mosqueteiros atados nas árvores, passar o dia inteiro comendo e tomando banho de rio, visitei a cachoeira do Bom jardim, fiquei hospedada na casa de uma índia que a havia casado com um homem branco e construído sua família ali nas proximidades da cachoeira, vi como eles faziam farinha de mandioca, e comi muita farinha com peixe pescado no córrego a não mais de três metros da casa... Aprendi a amar aquela força energética que o conjunto floresta, rio, areia, borboletas, piuns [pivários], transmitiam a nosso organismo, aprendi a juntar todo o lixo que encontrasse durante minhas expedições infantis pela praia, aprendi a pescar piaba, depois piau e parei por aí. Ouvi não as minhas investidas de ir caçar com os homens durante a noite, esperei até de manhazinha para ver os peixes ainda vivos que voltavam da pescaria, tratei os peixes pequenos nas pedras milenares do Xingu, tirei escamas, a parte vermelha que tem dentro da cabeça, cortei o rabo, as nadadeiras. Lavei roupa na mesa de madeira colocada na parte rasa da corredeira do rio... Altamira é uma cidade pequena, com uma grande população ribeirinha, são famílias que moram na beira do rio, longe das cidades, que vivem da natureza, do que ela dá, os ribeirinhos sabem bem que dela precisam e a conservam, tanto quanto ensinam aos visitantes da floresta a cuidar. A população da cidade anseia por desenvolvimento por crer que o "progresso" tem que chegar, por ter sido de certa forma abandonada às margens da rodovia transamazônica sem recursos básicos para uma civilização. Altamira não tem uma vida cultural vibrante, seu lazer é constituído do contato com a natureza local. Não sei como vai ser quando a hidrelétrica transformar esse ambiente natural em empresarial, nem como o pacu que um dia vi subindo a cachoeira contra a corrente vai se reproduzir. Não sei de que viverão os índios, que sabemos, ocupam a parte que vai alagar ou secar das barragens segmentadas, não sei como, ao final da construção, nossa cidade vai empregar e atender a saúde e a educação dos trabalhadores que construirão o projeto, mas que ao final de dez anos serão demitidos. Isso será um problema nosso, do Pará.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Realidades


23/10/2009 - 14:59
Enviado por: Evald

Lembram da música…
Zerovinteum
( Planet Hemp )

Rio, cidade-desespero
A vida é boa mas só vive quem não tem medo
Olho aberto malandragem não tem dó
Rio de Janeiro, cidade hardcore.
Arrastão na praia não tem problema algum
Chacina de menores é aqui 021
Polícia, cocaína, Comando Vermelho
Sarajevo é brincadeira, aqui é o Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, demorô, é agora
Pra se virar tem que aprender na rua
O que não se aprende na escola
Segurança é subjetiva
Melhor ficar com um olho no padre e outro na missa
Situações acontecem sobre um calor inominável
Beleza convive lado a lado com um dia-dia miserável
Mesmo assim, não troco por lugar algum
Já disse: este é o meu lar. Aqui, 021 “Cuidado pra não se queimar na praia do arrastão”
É…Rio de Janeiro
“Aqui fazem sua segurança assasinando menor”
É…Rio de Janeiro” A cidade é maravilhosa mas se liga, mermão”
É…Rio de Janeiro” Então fica de olho aberto malandragem não tem dó
“É…Rio de Janeiro É muito fácil falar de coisas tão belas
De frente pro mar mas de costas pra favela
De lá de cima o que se vê é um enorme mar de sangue
Chacinas brutais,uma porrada de gangue
O Pão de Açúcar de lá o diabo amassou
Esse é o Rio e se você não conhece, bacana, Tome cuidado, as aparências enganam
Aqui a lei do silêncio fala mais alto Te calam por bem ou vai pro mato
Mas de repente invadem a minha área, todos fardados
Eu tô ficando loco, ou tem alguma coisa errada?
Brincando com a vida do povo, então se liga na parada.
Porque hoje ninguém sabe, ninguém viu. Um dia alguns se cansam e “pow!”, guerra civil
Porque como diz o ditado, quando 1 não quer 2 não brigam.
Mas já que cê tá pedindo, segura a ira
Porque a cabeça é fria, mas o sangue não é de barata
Esse é o Rio, mermão, o veneno da lata. o veneno da lata…da lata…da lata…
How how how faz o Papai Noel…Pow pow pow e nego não vai pro céu
Digo V de veneta, lírica bereta Black Alien e família, soem as trombetas
Tomando de assalto a cidade que brilha.
Mãos ao alto, vamos dançar a quadrilha 288 é formação de quadrilha
Nome:Gustavo Ribeiro, a descrição do elemento
Primeiro é o olho vermelho, na mente, no momento.
Como diz o Bispo, eu sou artista, esse é meu lixo.
Acesso ao som restrito aos peritos.
O dialeto se dito é um perigo, amigo.
Para o consumo da alma sem abrigo.
O ritmo e a raiva, a raiva e o ritmo…
“Cuidado pra não se queimar na praia do arrastão”
É…Rio de Janeiro ” Aqui fazem sua segurança assasinando menor”
É…Rio de Janeiro” A cidade é maravilhosa mas se liga, mermão”
É…Rio de Janeiro” Então fica de olho aberto malandragem não tem dó”
É…Rio de Janeiro

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Correção, esclarecimento

Respeitarei neste espaço a norma culta da língua portuguesa, com o simples objetivo de conquistar novos leitores. Iniciarei, portanto, frases e períodos com letra maiúscula, abandonando assim o ideário de igualdade e fraternidade entre as palavras. A margem permanecerá sendo desrespeitada, pois as fronteiras são suscetíveis.

Norma Culta!

Vou respeitar a norma culta nesse blog. para se caso alguém além da minha mãe ler, não pense que sou analfabeta
No que tange as características de minha infância, boa parte bem vivida, boa parte bem pensada na solidão e no silêncio daqueles compartimentos longos onde minha voz grave calava. A TV, os brinquedos, a roupa de minha mãe e os seus saltos altos no meu pé pequenino. Os teatros que a infância nos permite compor diante do espelho em propagandas de xampu. Sentada na penteadeira com a toalha enrolada no cabelo, aplique da mulher careca, um conflito da TV representado em minha solidão. Meus pés descalços se fizeram rápidos nos fins de semana de quintal, o quintal das mangueiras, bananeiras, goiabeiras e das árvores de tinta vermelha, quintal do galinheiro do jabuti gigante que andava com os menores em seu casco e um dia me assustou a tartaruga assada no casco por tão imensa semelhança, no fim o jabuti também sumiu, assim como as galinhas mudavam de cor. Nesse tempo papai era o que é, homem trabalhador. Mamãe elegante e distante, a professora, representação da sabedoria, alta em seus saltos altos, blusas e blazer [nunca escrevi essa palavra]. A calça jeans na cintura a blusa em decote com botões abertos e sutiã sempre jogado para o lado quando se sentia em casa. Futebol com o neguinho, eu era geleira, meu irmão brigou com ele, disse pra mandar a mãe dele ficar no gol. Não mais futebol, de volta a xícara com vinagre e sal para as mangas verdes comidas no alto do pé. De volta a janela da casa vazia com a chuva caindo no muro da frente que não resistiria ao tempo. Nada para fazer, faço o amor em mim. Desenvolveria uma arte não fosse meu prazer de dormir as tardes. Não vi a hora em que cresci, não lembro de como passei da infância para a fase adulta. Uns dias ficam tudo cinza, mas minha primeira copa foi incrível, as pessoas se reuniam para torcer pela seleção e estavam sempre felizes, conquistas sobre conquistas até o ápice daquela emoção verde e amarela gritar nas vozes dos adultos um, dois, três, quatro, cinco mil, queremos que a Itália vá para a puta que pariu!!! a contradição do proibido na boca dos adultos que comemoravam pelas ruas da cidade de carro em passeata, para todos nós ouvirmos. Hora de dormir, sempre quero conversar mais um pouco, minha irmã está sonolenta na sua cama rosa, do lado da minha cama rosa em nosso quarto branco de cortina vinho e armário em madeira clara, do lado da estante de brincados onde todos os bonecos se reuniam no condomínio, divididos pelos três andares. Devo a foto dos bonecos pra vocês, vou scanear. o presente me chama, moto lá fora, na infância andávamos de moto também, o gol branco ficava na garagem até pai voltar de seu trabalho que semana sim semana não. Quero ler isso.

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