quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

mentir dá muito trabalho. eu hein!

Sempre falo da vida, hoje convencionei falar da morte, não dela em si, mas do momento que a antecede. quero saber se verei minhas atitudes passarem diante de mim, como um resumo da vida, se revisitarei pontos da minha trajetória para entender o porquê de minhas atitudes. sentirei a sensação da mentira que contei hoje? do desagradável momento em que a verdade não parece a melhor escolha, sempre com a mesma mentira, das mentiras da humanidade?... não foi só o que fiz, hoje mesmo, a fantasia contada, me incomoda, mas justifico-a como verdade por não saber o que é de fato a verdade na situação perguntada. sofro essa ausência e não gostaria que minha amiga sofresse essa ausência também. sofro a dúvida sobre o destino no bichinho que eu também amo, e não queria que ela sofresse.

Tudo começou assim: ganhei um cachorrinho, chamei-o de Platão e o criei coimo se fosse meu filho. Infelizmente nos mudamos e o lar novo não tinha espaço para ele. Justifiquei dizendo que o criaria como um bebe humano, que não era necessário espaço para cachorro, mas todos os dias meu bebê humano-canino comia uma sandália de meu pai. Depois de muitas havaianas trocadas, sempre o mesmo lado comidos, meu pai me pediu que escolhesse entre ele e minha mãe e meu bebê canino.
A Isabela, bebe humana neta da senhora que vende tapioca lá do lado de casa gostava muito do Platão e a dona menina, vó dela resolveu pedi-lo. Mamãe já queria dá-lo e deu. A família da Isabela não se adaptou ao modo de vida do meu bebe canino e a senhora dona menina deu o cachorro.
Há muito tempo pergunto sobre o destino que meu filho levou e a mulher me enrola. Hoje a avó do Platão, que é uma humana, me perguntou sobre ele, disse que ele completara um ano e que queria fazer fotos de todos os filhos de sua filha canina. Menti. Mas não pude sustentar a mentira. A mentira tem a característica de ser eterna até que a verdade se mostre, uma mentira leva a segunda, a terceira, a quarta, se você mente uma vez e decide continuar com ela, vai ter de mentir sempre. A sensação da mentira é tão dolorosa e fria, que quando pensei que mentiria somente naquele momento, refleti sobre meu momento final, será que sentiria aquilo novamente ao revisitar minhas atitudes diante da morte? Que bom que não precisei sentir a escrota sensação só no momento da morte, no momento em que a mentira se prolongaria, decidi optar pela verdade por mais dolorosa que ela fosse, poir mais que minha amiga tenha que passar pelas mesmas frustrações pelas quais já passei. Quero ter boas lembranças do meu bebe canino, e gosto sim de pensar que nesse momento ele corre atras de cavalos e brinca com outros cachorros num gramado verdinho, e que a noite se extasia com o barulho dos grilos e brlho das estrelas. Quero esquecer as outras possibilidades. Mas o ser humano tem o direito de, quando não sabe qual é a verdade, imaginá-la por si só. Minha amiga, se não descobrirmos a verdade, pode, assim como eu fiz, imaginar um destinos para o nosso bebe canino. Estou feliz por ter me libertado da mentira, e por ela ter reavivado em mim o interesse em descobrir a verdade que desconheço. A verdade sobre meu filho, Platão, o meu bebê canino.

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