sexta-feira, 27 de novembro de 2009

HOJE

Eu quero a todos os livros de poesia, os versículos da bíblia explicados, a arte como fonte de fora daqui. A realidade embevecida por tudo que nela não há, mas age na arte. A fuga do cansaço diário que é viver e tentar entender os relacionamentos como fluem, o prazer do gozo de amor, alucinando em seu acúmulo de desejos passados e reservas bde3 desejos futuros. Todos precisam sair da realidade, essa necessidade tão sutil dos seres humanos deflagrada em tantos momentos...
Onde encontrar a resposta do óbvio, onde parar de tentar controlar as vidas que me fazem viva?

lembranças

No que tange as características de minha infância, boa parte bem vivida, boa parte bem pensada na solidão e no silêncio daqueles compartimentos longos onde minha voz grave calava. A TV, os brinquedos, a roupa de minha mãe e os seus saltos altos no meu pé pequenino. Os teatros que a infância nos permite compor diante do espelho em propagandas de xampu. Sentada na penteadeira com a toalha enrolada no cabelo, aplique da mulher careca, um conflito da TV representado em minha solidão. Meus pés descalços se fizeram rápidos nos fins de semana de quintal, o quintal das mangueiras, bananeiras, goiabeiras e das árvores de tinta vermelha, quintal do galinheiro do jabuti gigante que andava com os menores em seu casco e um dia me assustou a tartaruga assada no casco por tão imensa semelhança, no fim o jabuti também sumiu, assim como as galinhas mudavam de cor. Nesse tempo papai era o que é, homem trabalhador. Mamãe elegante e distante, a professora, representação da sabedoria, alta em seus saltos altos, blusas e blazer [nunca escrevi essa palavra]. A calça jeans na cintura a blusa em decote com botões abertos e sutiã sempre jogado para o lado quando se sentia em casa. Futebol com o neguinho, eu era geleira, meu irmão brigou com ele, disse pra mandar a mãe dele ficar no gol. Não mais futebol, de volta a xícara com vinagre e sal para as mangas verdes comidas no alto do pé. De volta a janela da casa vazia com a chuva caindo no muro da frente que não resistiria ao tempo. Nada para fazer, faço o amor em mim. Desenvolveria uma arte não fosse meu prazer de dormir as tardes. Não vi a hora em que cresci, não lembro de como passei da infância para a fase adulta. Uns dias ficam tudo cinza, mas minha primeira copa foi incrível, as pessoas se reuniam para torcer pela seleção e estavam sempre felizes, conquistas sobre conquistas até o ápice daquela emoção verde e amarela gritar nas vozes dos adultos um, dois, três, quatro, cinco mil, queremos que a Itália vá para a puta que pariu!!! a contradição do proibido na boca dos adultos que comemoravam pelas ruas da cidade de carro em passeata, para todos nós ouvirmos. Hora de dormir, sempre quero conversar mais um pouco, minha irmã está sonolenta na sua cama rosa, do lado da minha cama rosa em nosso quarto branco de cortina vinho e armário em madeira clara, do lado da estante de brincados onde todos os bonecos se reuniam no condomínio, divididos pelos três andares. Devo a foto dos bonecos pra vocês, vou scanear. o presente me chama, moto lá fora, na infância andávamos de moto também, o gol branco ficava na garagem até pai voltar de seu trabalho que semana sim semana não. Quero ler isso.

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails